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26 de abril de 2017

Plágios: como estão afetando o Moda de Subculturas (e como vocês poderiam nos ajudar?)

Hoje, 26 de abril, comemora-se o dia da propriedade intelectual. É um dia para se debater, entre outros temas envolvidos, o direito autoral. Neste mês acompanhei dois casos de plágio que foram bastante comentados no Facebook, o da artista Nath Araújo e o da pesquisadora Palmira Margarida, além do caso de Ash Costello.


© Valfré https://valfre.com

Adoraria que este dia passasse batido, mas as duas mulheres acima nos encorajaram e chegou a hora de trazer à tona o fato de que artigos do Moda de Subculturas tem sido plagiados em outros blogs, academia e sites há um bom tempo. Pessoas que trabalham com mídia, jornalismo e produção de conteúdo, copiaram ideias de artigos, o formato e os publicam inclusive em grandes veículos de mídia, sem nos citar nem pedir autorização de reprodução dos trechos de artigos. 

Pesquisamos e formamos nossas opiniões e análises sobre subculturas, moda alternativa e sua relação com o mainstream. Em nossos posts, há informações de domínio público junto com resultado de nossas pesquisas. Nós sabemos quando uma informação é nossa e quando é de domínio público. Quando vemos nossa informação autoral é que confirmamos o plágio, pois a pessoa só pode ter tirado a informação de um local: o local de origem, a fonte: o blog. Sempre deixamos claro ao fim de um texto, a declaração de direito autoral, não é por falta de aviso que o desrespeito acontece.

Optamos por publicar nosso conteúdo de graça para que todos tenham acesso, pois acreditamos que somente com informação e conhecimento, os alternativos se tornarão mais conscientes de suas historias, origens, importância social e até de seus legados. Pegamos informações restritas e colocamos pra todo mundo ler. Assim, esperávamos que em retribuição nos citassem e linkassem quando usassem nosso material. Mas ocorre o contrário, nos silenciam, se apoderam de nossas opiniões, pesquisas e/ou pior: levam nossos artigos pro trabalho e ganham dinheiro. Além de estarem fazendo uso indevido, estão matando a ideologia deste blog. 

Isso nos faz repensar o que publicamos aqui, pensamos até em criar um site fechado só pra assinantes, mas temos consciência que nem todo leitor poderia bancar uma assinatura privada de conteúdo, além de que, na cultura da cena alternativa nacional já existe tão pouca informação disponível, porque excluir pessoas e restringir ainda mais as informações se não somos nós que estamos erradas?

Publicar de graça pra nós, não era um problema, faz com que todo mundo venha nos visitar, comentar, somar e fiz dezenas de amizades que eu nunca faria se esse blog não existisse. Conseguimos colaboradoras maravilhosas que mantém viva a chama alternativa e leitores que sei o nome de cor, de tanto que comentam! Dizem que quanto “maior” um blog, mais distante ele fica. Pra nós, isso não é real, nós nunca crescemos ao ponto de chegar ao mainstream, continuamos pequenas comparados a outros blogs de moda, continuamos produzindo conteúdo sozinhas - inclusive conteúdos de forma mais completas do que no começo do blog! Colocamos nosso padrão de qualidade lá em cima e queremos manter. Nosso intuito sempre foi espalhar informações, crescer, plantar sementes, por que então estas pessoas vem com uma tesoura afiada e nos podam dessa forma? Por que elas tem medo de indicar o link de onde eles pegaram a informação autoral*?

 
como-saber-se-voce-esta-plagiando
Muito legal esse infográfico sobre plágios! Fonte.

Lidamos com a barreira de, em certos meios da Moda, não levarem a sério pesquisa sobre subculturas. Mas desde o primeiro post, nós unimos moda mainstream e moda alternativa de uma forma que nenhum blog/site havia feito no Brasil até então, provando o contrário, que Moda e Subculturas andam muito juntas, tem uma história juntas e estão cada dia mais interligadas! Agora estas pessoas querem beber da nossa fonte sem creditar? Não podemos deixar que os copiadores usem o Moda de Subculturas como um “berço” de pautas que eles não são capazes de criar por si mesmos. Que criadores de conteúdo/jornalistas são estes?

Considerando que vocês são as pessoas mais importantes pra nós, as que apoiam e fazem esse blog existir, decidimos perguntar à vocês: o que acham que devemos fazer? Postagens pagas, financiadas pelos leitores? O que vocês pensam sobre isso? Pelo que observei, não é comum patrocínio de conteúdo escrito, mas muitos financiam projetos de trabalhos independentes, e talvez seja esta a forma de desenvolvemos juntos um trabalho legal sobre subculturas de forma que nós sejamos beneficiadas e não as pessoas que plagiam. Somente o autor pode lucrar com sua obra. Acham que seria justo? Caso discordem, sugiro que deixem alguma outra sugestão nos comentários, e-mail ou em nossas redes sociais. Vamos analisar com carinho. 

Somos um blog independe escrito por mulheres, somos Girl Power, temos veia punk, somos outsiders, roqueiras, rebeldes com muitas causas e esse blog é nosso espaço de voz! É nosso portifólio de trabalho pra quem nos contrata como criadoras de conteúdo! Há diversas matérias engatilhadas, e ainda temos as maravilhosas colaboradoras! Podemos mudar nossa abordagem de artigos mas não vamos parar! Continuamos porque escrevemos sobre o que amamos!


DICAS:
Se você se deparar com conteúdo semelhante ao de algum post do Moda de Subculturas, o que fazer?
Primeiro nos contate mandando o link do site e vamos analisar. Não denuncie o site/perfil, pois no caso de ser realmente um plágio, precisamos que o material esteja online para poder comparar e pegar as provas.
Nosso e-mail: modadesubculturas@gmail.com 

Como usar corretamente nossos artigos?
Você pode: Compartilhar livremente os link em todas suas redes sociais. 
Linkar nossos artigos em trabalhos acadêmicos.
Como nos linkar no seu site/blog? Usando o(s) link(s) que você consultou.
Como nos citar no seu site/blog? Usar aspas nas frases que você pegar do blog e deixar o link usado como referência.

Não é correto:
Usar um artigo como referencia e linkar assim: http://www.modadesubculturas.com.br/
O correto é linkar o(s) artigo(s) que você usou, por exemplo:  http://www.modadesubculturas.com.br/2016/09/a-origem-e-moda-de-elvira-rainha-das.html

O que você não pode:
Usar o conteúdo de uma forma que pareça que foi você quem escreveu, isso seria plágio. 
Se você quer usar nossos artigos em algum zine ou revista: precisa pedir autorização antes. 
Se você quer usar nosso conteúdo pra algo que você vai ser remunerado: precisa pedir autorização antes pois provavelmente vai ter que nos remunerar também (direito autoral). 

Tudo certinho?

Então seguimos em frente porque ao contrário dos plagiadores, 
ideias não nos faltam, o que nos falta é tempo
para desenvolvê-las! Até o próximo artigo!



* Pode parecer difícil diferenciar informação de domínio público de informação autoral, estamos vendo um meio de sinalizar isso nos artigos, mas  citar e linkar o post ainda é o caminho certo. Resumidamente, se você viu uma informação x somente aqui, aqui é a fonte. Se esta informação está em dezenas de sites ao redor do mundo, é domínio público.

P.S.:
Muitos estudantes me contatam perguntando sobre livros, autores que usamos, pesquisas. Vai rolar um post comentando isso. ;)


Acompanhe nossas mídias sociais: 
Direitos autorais:
Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
É permitido compartilhar a postagem. Ao usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos precisa obrigatoriamente linkar o texto do blog como fonte. Não é permitida a reprodução total do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. É vedada a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, não fazemos uso comercial das mesmas, porém a seleção e as montagens de imagens foram feitas por nós baseadas no contexto dos textos.
Clique aqui e leia o tópico "Sobre o Conteúdo" nos Termos de Uso do blog para ficar ciente do uso correto deste site. 

18 de agosto de 2015

Uma reflexão sobre plágios, preços e criações


Este é um assunto muito delicado, porém necessita ser abordado. Outro dia encontrei o vídeo da Dhy, da marca Dhy Ngetal, onde ela fala das cópias que vem enfrentando sobre suas criações artesanais. O depoimento sensibiliza pelo desabafo da artesã e chama a atenção para o fato de que a atitude ainda é muito frequente por aqui.

Um grande diferencial do mercado alternativo é a forma como ele produz: criações próprias que muitas das vezes são feitas de forma artesanal ou pouca escala. São pequenas empresas ou artesãos que trabalham num país de altos impostos e que enfrentam o dilema de oferecer um produto de qualidade com preço acessível. Só que, fabricar algo que se inicia desde a concepção do design até a escolha da embalagem, nem sempre irá resultar num valor barato para os nossos padrões salariais e de despesas. E aí que vem a grande questão: comprar o original e pagar pelo o que é cobrado ou encontrar alguém que reproduza por um preço mais em conta?


Diante desse ponto, levanto a reflexão sobre um problema ocorrente e que vem sendo tratado como se fosse algo bobo, inocente, o intuito é tentar esclarecer o porquê paga-se mais caro por um produto autoral e conscientizar sobre as consequências das cópias para quem cria.


Acreditamos que boas ideias devem ser divulgadas para que cheguem à seu público. Não há nada mais legal do que ver uma peça circulando e seu criador sendo recompensado por isso! Na Moda Alternativa, as marcas costumam ter a personalidade de seus criadores, afinal todo mundo tem uma personalidade, certo?? É por esse motivo que o plágio não faz sentido.



O que é plágio?
Plágio não é uma simples cópia, é apropriação indevida da obra intelectual de outra pessoa.
Você é um designer e imagina algo por muito tempo, investe grana e tempo pra fazer aquilo sair do papel. Consegue realizar sua ideia e colocá-la à venda. O produto é um sucesso! De repente, alguém pega seu produto, descobre como copiá-lo e passa a vendê-lo também. Passa-se a copiar a identidade de sua marca, o que configura plágio. Imagine que passam a vender sob encomenda ou em varejo estes plágios de seus produtos - algo que você sempre manteve exclusivo pra seus clientes, afinal: suas criações.


Por que o plágio é mais barato?

Porque o plágio é uma ideia pronta. Não tem o trabalho intelectual, a arte da criação, possíveis perdas financeiras com os erros até a peça dar certo. Quando você analisar o preço de um produto de uma loja alternativa, nunca se esqueça que por trás dele teve uma pessoa que dedicou um tempo de sua criatividade pra tornar aquilo real. E note também a qualidade do processo artesanal.
Por esses motivos, o plágio é mais barato. Mas baixo preço não pode justificar falta de ética.

"Não tenho grana sobrando então compro o plágio."

Acredito que isso vai da ética de cada um. Todos temos a opção de “pagar mais barato” ou apoiar o criador da ideia pagando o preço pela arte dele. Aliado à falta de cultura de moda, infelizmente nosso sistema consumista de "ter" pelo simples fato de satisfazer uma vaidade, pode nos cegar a respeito de julgar a ética e o consumo consciente.

"Ah é só uma cópia, a loja original já tá faturando mesmo".
Acham que empresário alternativo no Brasil, que cria suas próprias peças, ganha tanto dinheiro assim? Uma breve análise de quantas marcas alts abriram e fecharam as portas nos últimos anos; quantas seus donos ainda tem um emprego tradicional pra se manter; quantas pessoas sentem extrema dificuldade de ganhar mercado com seus produtos próprios mostram o contrário. Arte, trabalho intelectual, artesanal e criatividade não são exatamente valorizados no Br... Conquistar mercado é uma tarefa árdua. Pegar algo que já existe, que faz sucesso e reproduzir, acaba sendo o caminho mais fácil.



“Não peçam a cópia idêntica da peça de um designer para outra pessoa.
Por ética profissional, não se copia! Não há lado bom em cópia.
Estas foram as palavras da Dhy, que é artesã e vem passando por um processo de cópias de seus produtos. Gostaria que vocês assistissem o vídeo onde explica como ela lida com esta situação e como é seu processo de criação artesanal:



Plagiar é um ato muito sério, pode dar processo. Tanto com os desenhos registrados pelo designer quanto o logo na imagem do produto na loja já é possível processar o plagiador.
O plágio desmerece o trabalho de quem criou, acarreta problemas psicológicos em quem inventou aquela peça e viu ali a sua ideia roubada. Hoje, com o poder da internet, mais cedo ou mais tarde as pessoas vão descobrir quem são os plagiadores. Existe realização pessoal no ato do plágio? É satisfatório sugar a visão de alguém criativo? Fazendo mal uso do jeitinho brasileiro, fica difícil ir pra rua exigindo um país melhor, com mais ética se na vida real não a praticamos... A concorrência de mercado precisa existir sim, mas de forma honesta.

Se você plagia: pare e comece a criar suas próprias ideias! Eu acredito que você tem uma personalidade, você tem capacidade de transformá-la em arte e criações próprias! Confiem mais em si mesmos! Confiem em suas capacidades.


Espero que os clientes encontrem a fonte real das criações, que são muito dignas de serem usadas e desfrutadas
. Se elas custam o preço que custam, é porque existe todo um trabalho sério e dedicado por trás. Sendo eu, também, uma designer alternativa por hobbie, acho que precisamos ajudar uns aos outros, pois o espaço existe pra todo mundo que ousa se auto expressar honestamente.

Na moda alternativa você tem a liberdade de criar o que quiser, sem precisar se basear em estilos ou peças já existentes. É onde pode exercer sua criatividade plenamente! 


*P.S: Não confundir peças básicas com cópia ou plágio de peças de estilo, ex: legging preta - peça básica que qualquer loja pode fazer.


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Gostou deste artigo ou de alguma outra postagem do blog? Pode divulgar!
Nos dedicamos a oferecer conteúdo autoral. Sua ajuda na divulgação de artigos que gostou pode fortalecer a moda alternativa, já que informação acaba com a ignorância e nós queremos que ela seja levada à sério e tratada com o devido respeito! 

26 de abril de 2011

Iron Fist x Melissa + Inspirações Brasileiras

A nova coleção da marca de calçados alternativos Iron Fist lançou dois modelos super parecidos com duas sandálias da marca nacional Melissa.
Não pude evitar as comparações, desde que sou uma Melisseira de plantão e também fã dos designs da Iron Fist.

Iron Fist X Melissa Cute

Iron Fist X Melissa Zen girl + Vivienne Westwood


Se realmente houve inspiração de uma marca estrangeira em peças de uma marca nacional, não é a primeira vez que acontece, como já postei aqui.

Muitos de nós odiamos o carnaval não é? (ou ao menos odiamos o que ele se tornou, uma indústria milionária), tempos atrás vi um look gótico num evento estrangeiro, completamente sexy, cheio de penas, brilhos e adereços, bastante sugado de nosso carnaval e daptado à estética gótica. 

Tudo da nossa cultura pode ser adaptado ao alternativo, basta ter criatividade. Lembram de uma pesquisa de moda alternativa nacional que fiz ano passado?  (poucos se interessaram em responder). A maior dúvida foi quanto à pergunta de número 35 que era sobre características da cultura nacional que poderiam ser adaptadas à moda alternativa. As respostas foram "não entendi a pergunta", "nada" ou "não sei". O que mostra a falta de visão inovadora/empreendedora do nosso público.

A diferença é que os estrangeiros vêem a moda como um mercado de fazer dinheiro, para tal, quem for mais inovador/diferente cativa mais público ávido por coisas diferentes, vendem mais, por isso adaptam ao alternativo tudo que puderem. Tendemos a não ver nossa cultura como algo adaptável ao lado obscuro da vida.
Se pararmos pra pensar, os estrangeiros se inspiram em aspectos da cultura e história deles e a gente acaba tomando isso pra para nós. Sabemos e admiramos a cultura deles e esquecemos de olhar para a nossa. Se não adaptamos nossa cultura e história ao alternativo, os estrangeiros fazem isso por nós e o dinheiro, claro, vai pro bolso deles.

5 de dezembro de 2010

Pulo do Gato X Demonia

A grife Pulo do Gato constantemente apresenta em suas coleções algumas botas e sandálias ao estilo rock.
A grife é vendida em lojas de bairros nobres e em algumas lojas alternativas brasileiras.

O modelo de bota com uma plataforma imensa, salto anabela, cano até os joelhos e fechamento lateral com velcro, é produzida há pelo menos 6 anos. Eu sei porque 6 anos foi a primeira vez que vi a bota, fiquei louca por ela e logo comprei a minha.  É um design super original, agressivo, feminino e que se adequa à pés góticos, punks e roqueiros, tanto que, com o sucesso de vendas do modelo, outras marcas nacionais de calçados já fazem versões similares por um valor um pouco menor que a original. A original é essa que tem a placa de metal na traseira da sola com o nome da marca.

Qual não foi minha surpresa, procurando por novidades na moda alternativa que encontro esses botas da Demonia que lembram a da Pulo do Gato. E são botas lançadas nesse ano de 2010. Está tudo lá, o mesmo tipo de recorte no couro, o mesmo tipo de plataforma e salto anabela e o que pra mim comprova a inspiração: o fechamento lateral com velcro. Porque nunca eu havia visto até então em todos esses anos, uma bota gringa com fechamento com velcro.

Não tem jeito, quando um design é criativo e atraente, ele vai ser copiado/servir de inspiração. Se a Pulo do Gato realmente serviu de inpiração para a Demonia, será a primeira vez que vejo uma marca brasileira ser  referência de design à uma marca alternativa estrangeira. Isso é no mínimo, histórico.



27 de novembro de 2010

Cópias na Moda Alternativa

Todos sabemos, e já foi escrito várias vezes aqui no blog, que Moda Alternativa é uma moda alternativa à moda dominante (mainstream).
A moda alternativa não segue tendências ou tem regras. Cada designer ou estilista cria o que quiser, como quiser e de qual material quiser, sem se importar se vai atingir a grande massa, vender horrores, atingir público pequeno ou ser conceitual. O foco são as pessoas que querem vestir algo diferenciado, não seguem padrões estéticos dominantes ou que pertencem a alguma subcultura.

Essa é a grande vantagem da moda alternativa: a liberdade criadora do designer/estilista. É triste e chato quando uma marca alternativa copia uma peça autoral de outra. Triste porque é justamente na moda alternativa que você tem a liberdade de criar o que quiser, sem precisar se basear em estilos ou peças já existentes. É onde pode exercer sua criatividade com total liberdade. Eu já abordei esse tema anteriormente nessa postagem.

Muitas vezes pegamos modelos de roupas estrangeiras e mandamos fazer uma igual para nós. Não acho isso errado. Acho errado comercializar cópias, principalmente de marcas nacionais, marcas estrangeiras até dou um desconto, porque como escrevi na postagem linkada acima, somos carentes em variedade. Já houveram alguns casos de pessoas que copiaram peças de marcas nacionais. Os casos foram resolvidos entre as partes sem causar grandes alardes.

O motivo de eu voltar ao assunto de cópias foi que essa semana, uma marca alternativa, a Mother of London, teve uma de suas icônicas peças copiada e sendo usada por uma atriz mirin num evento importante, o AMA. A Mother of London, é uma marca alternativa que tem peças muito, mas muito peculiares que já estrelaram diversos editoriais de revistas e de fotógrafos alternativos.
A cópia da peça da Mother of London, causou revolta entre outros designers alternativos, especialmente porque a imagem da artista mirim rodou sites e TVs da mídia mainstream  americana com a peça sendo creditada à outra pessoa. Como apenas a MoL criou esse modelo de peça, houve uma preocupação de que desavisados ligassem a horrenda cópia amarela à marca original.


A designer Kambriel disse:
"O que me deixa mal nesse tipo de situação é como "designers" que fazem esse tipo de coisa (cópias), podem sentir qualquer tipo de realização pessoal, sendo que eles estão apenas sugando a visão de alguém criativo. Nesse caso, é uma oportunidade perdida para um designer independente, cuja criação foi intrigante o suficiente para ser escolhido para um evento importante. Espero que os futuros clientes encontrem a fonte real dessa criação, que é muito mais digna de ser usada e desfrutada e não, que comprem algo criado e projetado para ser uma cópia."

Louise Black disse:
"Vocês já viram quantas cópias foram feitas do meu  famoso "corset-camafeu"? Recebo e-mails todos os meses de clientes me avisando sobre outro designer que me copiou. O que posso fazer? Isso é tão chato. Quando eu vi a roupa no palco, eu pensei comigo mesma: parabéns à Mother of London! É triste saber que ela não estava envolvida e alguém teve a coragem de copiar uma peça tão original. Mildred (dona da Mother of London), tome isso como um sinal de que você está fazendo algo certo. Eu não tiraria essa peça da coleção, ao contrário, anunciaria-a ainda mais para que todos saibam onde obter a original. 
No começo desse ano, a Lip Service foi uma das marcas que me copiou, produziu em massa meu "corset-camafeu", com a minha assinatura de pregas de fita, renda na borda e o círculo do camafeu. Liguei pra eles e me disseram pra não me preocupar porque a qualidade do trabalho deles era inferior ao meu e que não seria uma concorrência. UGH! Tem havido dezenas de designers menores copiando meus corsets e vendndo-os no etsy, no ebay, etc. Eu mando email a eles pedindo-lhes que, por favor, pare de vender a minha criação, e respondem-me dizendo que achavam que eu não me importaria, porque eu sou uma  "grande estilista". Gente, eu luto como todo mundo para ser uma designer independente!  Eu realmente gostaria que houvesse algo que pudéssemos fazer. Alguma maneira para proteger nossos projetos.
O "top de uma manga só" da Mildred é definitivamente sua assinatura, assim como o "corset-camafeu" é minha assinatura.
Sendo designers de moda alternativa, nós precisamos ficar juntos e cuidar uns dos outros".

Abaixo: corset-camafeu Louise Black e uma das marcas que copiou a peça.


Louise Black disse tudo na última frase. Sou da opinião que as pessoas que compram imitações não são as mesmas pessoas que compram um design original, pois essas pessoas valorizam não apenas a peça, mas sim a criatividade do designer. No Etsy, pode-se encontrar imensidões de cópias de peças e acessórios de marcas alternativas reproduzidas por designers iniciantes que as vendem, algumas vezes por um preço maior que a peça original e ainda com menor qualidade.

Quem sabe se a cópia tivesse ficado apenas na surdina não teria havido todo esse bafafá, mas a copista foi burra o suficiente pra colocar a cópia num evento grande e televisionado, mas não esperava que a cena alternativa fosse tão unida, inteligente, informada, descobrisse a cópia e trouxesse à tona.
Não importa se a marca é grande ou desconhecida, cópia é algo errado, é uma questão de ética na profissão. 
Se uma pessoa não tem ética na profissão, que dirá com a sociedade.

11 de dezembro de 2009

Moda Alternativa, cópias e ética

Acredito que já saibam que este blog é minha homenagem a moda alternativa/underground e a influência dela na moda mainstream.

A moda alternativa existe há pelo menos 30 anos, mas no Brasil podemos dizer que tem uns 10 anos (considero "moda" a criação de roupas no estilo alternativo e não apenas a venda de camistas de banda e acessórios - isso existe há mais tempo).
De 5 anos pra cá é que notei de fato o aumento de lojas do tipo. Temos muito a crescer e temos que descobrir nossa identidade baseada no clima de nosso país continental, nos hábitos culturais de nosso povo.

Tudo que temos de referência visal de moda alternativa/underground vem de fora: o visual rock, o punk, o gótico, heavy metal, pin-up, todas as subculturas vieram do exterior.
Não é de estranhar que, quando uma loja alternativa abra no Brasil ela apresente cópias ou peças inspiradas na moda alternativa estrangeira.

Mas existem lojas que investem num estilo próprio, que criam usando a moda alternativa estrangeira como referência e não como modelo absoluto. Admiro e acho isso importantíssimo, pois usamos a referência do local que é o berço da subcultura, mas fazemos as peças do nosso jeito.

Recentemente notei que cresceu muito no orkut a quantidade de pessoas que se intitulam "estilistas" ou "designers de moda" que abrem perfil de venda de roupas. Essas "marcas" colocam centenas imagens de roupas de lojas estrangeiras em seus álbuns com títulos como: "novidades". Não há nada escrito que aquela imagem é de uma loja estrangeira e não há aviso dizendo que fazem CÓPIAS. E quando vemos a foto do cliente com a peça, a peça fica diferente da foto e a qualidade é ridícula.

Não sei se essas pessoas fizeram algum curso de moda ou se vão fazer, mas se fizeram certamente conhecem o grande debate polêmico que existe na área sobre cópias, uso indevido de imagens e falta de ética. 

E eu lhes pergunto: Uma empresa de respeito pode viver só de cópias?

Essas marcas não colocam imagens de marcas brasileiras pra fazer cópias porque sabem que isso dá processo por uso ilegal de imagem. Colocam fotos de marcas estrangeiras, apagando o logo e colocando logo próprio em cima, sabendo que as empresas gringas não descobrirão o uso ilegal de imagens e não poderão processar. O famoso jeitinho brasileiro.

Eu não duvido da habilidade criativa dos donos dessas marcas, podem ser pessoas criativas, inteligentes, com paixão por moda underground por trás dessas marcas, mas a impressão que dá é que são pessoas completamente ignorantes em relação à ética da profissão e estão usando da conveniência e da preguiça, e da vontade de ter lucro sem ter despesas em criar peças novas, fotografar e pagar insumos e impostos que uma marca séria paga.

A desculpa que dão é que em moda não há patentes, não há donos. E é verdade. E sou a favor disso. O que usaríamos hoje se a Chanel tivesse patenteado todas as suas criações? E se Mary Quant patenteasse a mini saia? O que vestiríamos se não haveriam tendências já que nenhuma peça poderia ser usada por diversos estilistas? O que seria da moda underground que são praticamente as mesmas peças no mundo todo?

O problema não é a moda ser livre de patentes na área de criação, o problema é a utilização de imagens sem informar a fonte e sem anunciar em letras garrafais que faz cópias. Até marcas grandes copiam, isso é fato. Mas todo mundo nota e as marcas ficam super mal faladas. Pega super mal! Depois os estilistas tem que ficar se desculpando.

Há uma marca da moda underground brasileira que é constantemente alvo de uso indevido de imagem. Colocam a foto da roupa lá no orkut com o preço embaixo.
Não sou a favor que "marcas do orkut" copiem marcas nacionais. Pois as marcas nacionais estão fazendo o seu trabalho certinho, criando a própria identidade, pagando impostos, conquistando público, lutando pra pagar as contas em um mercado consumidor tão pequeno.
Acho que deve-se respeitar quem cria sua própria identidade nesse país considerando a grande influência que vem de fora.

Quero deixar claro que não sou absolutamente contra a cópia de roupas de marcas estrangeiras, mesmo porque tudo que sabemos hoje de moda underground veio de fora. Muitas vezes precisamos pegar uma roupa estrangeira e desmanchar para ver a modelagem, o tecido, para assim desenvolvermos nossa versão nacional e aprender a tecnologia deles. Eu mesma já fiz cópias de roupas gringas pra mim. A diferença é que não as vendo, são pro meu acervo, pra ampliar meu conhecimento de modelagem, pra ter mais conhecimento. E sinceramente, raramente fica igual, pois o tecido é nacional e eu sempre acabo adaptando algo pro meu gosto.

Não sou contra lojas brasileiras que fazem versões super bem feitas de peças de lojas estrangeiras em ordem de aprender mais sobre modelagem e se aperfeiçoar para criações futuras.
O que sou contra é do uso indevido da imagem das lojas estrangeiras, da não publicação da fonte da imagem, da cópia descarada de roupas de lojas nacionais sérias.

Seria muito mais ético se a pessoa fizesse uma cópia da marca estrangeira e publicasse no orkut a foto da cópia e não a foto original. Porque assim, o comprador saberia a qualidade REAL da peça que está comprando.
Eu tenho anos de moda e anos de olho treinado. Eu sei ver quando uma peça é bem feita ou não. Sei ver quando ela vale o preço que ela está sendo vendida. Sei perceber quando uma pessoa tem relmente paixão pela profissão. E reconheço uma foto de loja estrangeira porque conheço muitas.

Mas infelizmente muitas consumidoras ainda preferem pagar menos, comprar de uma marca que só existe no orkut, que não paga imposto, que não dá nota fiscal, que não te dá direito nenhum de reclamação porque elas são ilegais, só pra ter a roupa igual a da foto. Não ligam se a roupa não sairá igual e nem que estão pagando caro e não terão direito legal nenhum caso algo dê errado.


Moda é uma profissão como qualquer outra, não basta saber costurar/copiar e se auto proclamar Estilista/Designer de Moda/Costureiro de luxo.
É preciso estudo, profissionalismo e ética.
Me incomoda profundamente a Moda ser tratada como uma profissãozinha qualquer.
Ser costureira é uma coisa, ser designer é outra: o designer pesquisa, estuda, faz peças piloto.
Sabemos que pra ser um profissional de moda precisa estudar, fazer cursos ou ao menos ter a curiosidade pra conhecer a moda e o mercado. Todos podem aprender a costurar e fazer suas próprias roupas, inclusíve copiar; mas usar imagens de outras empresas como se fossem suas é uma completa fata de ética. E isso é o que me revolta!

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