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22 de março de 2016

Meia/Tela Arrastão: da rebeldia à sofisticação

Há um ano  publicamos sobre telas e transparências e um pouco sobre a história destes materiais. De lá pra cá novas peças surgiram em diversas marcas alternativas e também no mainstream. Adoro telas e arrastão e vi várias opções nas lojas, mas espero e torço pra que mesmo que a moda passe, eu ainda consiga encontrar peças assim no futuro.

Dolce & Gabbana - Spring 2010

É certo que as meias em estilo arrastão já eram vistas desde o fim do século XIX, mas é preciso lembrar que por vezes eram feitas de tricô. Também eram encontradas nas pernas das dançarinas de cancan do Moulin Rouge e adornavam das atrizes de circo, assim como das rebeldes flappers e das estrelas das performances de palco burlesco.

Década de 1940.

A modelo pin-up Bettie Page com meias arrastão no underground fetichista da década de 1950, e a moderna dançarina e modelo burlesca, Dita von Teese, nos mostram como a peça resiste ao tempo dentro do universo fetichista.

Maila Nurmi - Vampira
Fishnet Stockings


Na década de 1960, mal visto, o arrastão era considerado peça de prostitutas.
Tirei essa foto da página de meu livro Fetiche, de Valerie Steele [aqui].

Mas foram os punks que desconstruiram o conceito desse material que acabou influenciando muito do que vemos hoje. Os punks usavam roupa de baixo (underwear) como roupa "de cima", as meias arrastão eram rasgadas, cortadas, usadas com mini saias. O tecido arrastão (também em tricô) era visto em blusas podendo estas posteriormente serem rasgadas pelos Góticos e Deathrockers.

Punks e Pós-Punk nas décadas de 1970, começo de 1980

E talvez até mesmo por ser uma peça tão condenada, os punks tenham se interessado por ela, afinal, era disso que eles gostavam: de provocar a sociedade, de desconstruir conceitos e chocar com o uso de forma inovadora. Tanto que a peça quando usada por punks e góticos não passa uma mensagem primariamente de sensualidade - como na época do cancan - ou de erotismo, como na década de 1950/60 e sim, de agressividade.

Siouxsie em página do livro Goth: Vamps and Dandies [aqui]


Décadas passam, e o arrastão continua sendo um material adorado pelos rebeldes.
Bowie nos ´70s, Axl nos ´80s, Nina Hagen, Doro, Amy e Alice Caymmi em tempos recentes.



Brooke Candy, Taylor Momsen, Gwen Stefani, Lydia Lunch, Courtney Love e Shirley Manson, mostram como as garotas de atitude ficam incríveis em um par de meias arrastão!

brooke candy, taylor momsen, gwen stefani, courtney love, shirley manson

Dei uma pesquisada nas loja alternativas nacionais que estão vendendo peças com arrastão e selecionei duas delas: A Black Shoes acabou de lançar uma coleção nova e estas três peças abaixo me chamaram a atenção porque tem a aura punk/pós-punk/gótica, passando uma imagem rebelde e agressiva e ao mesmo tempo tem design.



Já na Haute Xtreme, selecionei essas 3 peças: as duas blusinhas tem uma pegada mais street/revival da década de 1990 com a modelagem mais curta e quadrada. Já a saia, passa o apelo mais sofisticado que é como as grandes grifes tem explorado o material nas passarelas. Essa saia cai no conceitual.



No exterior, tanto o conceito rebelde quanto o sofisticado tem aparecido nas lojas há pelo menos dois anos. Abaixo: Killstar Fishnet Hoodie, Tripp fishnet long sleeve, Lip Service Fash-ist Fishnet Long Sleeve Top. Observem os três tipos de tela: a primeira com o buraco mais aberto, a do meio praticamente um tule de malha e a terceira com buraquinhos pequenos.
Arrastão revelando toda sua versatilidade.

In Vain Blouse com mangas compridas e Play on Mesh Bralette na Gypsy Warrior


Dolls Kill, Killstar, Complot e Black Milk

Blusa, top com spikes e meinha ♥

Corsets em tela que lembram arrastão.
lace alternative model

Entre fim da década 1980 e começo da década de 1990 o material foi bastante presente nas passarelas de desfiles mainstream, mas seu uso ainda era muito forte nas subculturas. Na década de 1990 houve uma espécie de re-interesse pela estética gótica no mainstream e o arrastão aparece até mesmo em tons pastel como rosa, azul, amarelo...
Depois da década de 2000, a tela arrastão veio aos poucos perdendo seu ar alternativo e rebelde e foi se tornando mais aceitável e até mesmo sofisticado. A mentalidade do arrastão como peça de prostituta ainda é comum até hoje especialmente em locais mais conservadores, e de certa forma a indústria pornográfica mantém esse estereótipo

Recentemente a Moschino (com Miley Cyrus ajudando na divulgação) apostou em tecido arrastão com um jeitão mais esportivo. Os tons de rosa resgatam um pouco os anos 90.

Kate Moss e Miley usando vestido longo.

Desfiles de Louis Vuitton (em tricô) e Betsey Johnson (em tela) de 2015,
ambos capturam o ar rock n roll do tecido.


Fetichismo, sensualidade, rebeldia e sofisticação. Punks, Góticos, Hard Rockers, Emos... A lista de subculturas, de estilos é imensa. Não vou me estender mais por aqui porque...
 ...chegou a hora de vestir seu arrastão e fazer como Frank-n-Furter: arrasar!! ;)



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Leiam e fiquem cientes dos direitos autorais abaixo:
Artigo das autoras do Moda de Subculturas.
É permitido usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos, para isso precisa obrigatoriamente linkar o artigo do blog como fonte. Compartilhar e linkar é permitido, sendo formas justas de reconhecer nosso trabalho. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. É proibido também a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens de imagens foram feitas por nós baseadas no contexto dos textos.

27 de fevereiro de 2016

Calendário "Pin-ups Brasileiras 2016" do Universo Retrô

Quando pensamos em pin-ups nos vem à mente não apenas garotas de anúncios e pôsteres, mas também de calendários. No final do ano passado, o site Universo Retrô lançou um calendário beneficente com o tema Pin-ups Brasileiras. O projeto visa ajudar o Lar das Mãezinhas, instituição que cuida de senhoras que viveram sua juventude nas décadas de 1940/50 e 60. 

aurora d´vine
Aurora D´Vine é uma das modelos clicadas no calendário.
Ela estampa Fevereiro, encarnando uma vedete
.

Eu já adquiri o meu exemplar e preciso dizer pra vocês que é lindo!! 
Super bem feito, com qualidade gráfica, impresso em papel couché fosco, figurino caprichado, locações maravilhosamente decoradas, modelos que passam o clima modern retro com muita competência! 

calendário pin-up brasileiras 2016
Clique para aumentar a foto


E é um trabalho alternativo nacional que não deve nada pra trabalhos mainstream e nem pra projetos estrangeiros! É importante que a gente fale disso pois o calendário representa datas comemorativas brasileiras e não estrangeiras, como carnaval, descobrimento do Brasil, dia do soldado com a bandeira nacional ao fundo, dia da consciência negra... O resultado é tão caprichoso que dá orgulho dos nossos amigos da cena retrô estarem tão unidos e engajados por uma causa! 

Muito se fala de "apoiar a cena alternativa", e que "no exterior o pessoal é engajado", então que tal reconhecer quem faz isso por aqui e adquirir seu Calendário das Pin-ups Brasileiras dando uma força para todos os envolvidos? 
Na entrevista abaixo com a editora Daise Alves, ela conta mais sobre o projeto e você fica sabendo como adquirir seu exemplar!

Mona Liza abre o ano em Janeiro homenageando o Circo

De onde veio a ideia de fazer o calendário de Pin-Ups Brasileiras?
A Mirella, minha sócia, e eu, já tínhamos pensado em fazer alguns projetos especiais com o Universo Retrô. Primeiramente, a ideia era fazer editoriais de moda com garotas que têm o estilo mais vintage e retrô e que carregam essa essência como estilo de vida.  Quando estávamos planejamento o lançamento do site, até falamos com a Cherry Rat, vocalista da banda Cherry Rat e os Gatunos, para um editorial inspirado na Barbarella, para o lançamento do portal. Mas não deu tempo e o projeto ficou para depois.
Mas a ideia de fazer algo fotográfico ainda permeava nossas mentes, então, a Mona Liza (a garota de janeiro), que também é nossa amiga, deu a ideia de fazermos umas fotos das meninas da cena, cada uma mostrando um pouco do seu estilo e personalidade. Juntos, então, pensamos em transformar isso num calendário de pin-ups brasileiras.
Logo depois, o Leadro Marck, idealizador da Expo Vintage, nos convidou para apoiar o evento que aconteceria em São Paulo. Achamos que seria a oportunidade perfeita para lançar o calendário, já que a feira seria próxima ao Natal.

Clique para aumentar a foto

Conte-nos um pouco sobre o lar das mãezinhas e o porquê da escolha?
Quando falamos com a Marília Skraba, para ela fazer a produção artística do calendário com o projeto dela, o Be a Bombshell e a marca de roupas Sundae Inc, para o figurino, ela sugeriu que o projeto fosse beneficente (A Marília é super a favor de causas, principalmente com os animais). Mas, para o Universo Retrô, pensamos que poderia ser uma outra causa, porque ultimamente, muitas pessoas estão lutando pelos animais. Daí veio o insight de ajudar uma instituição de idosas, já que o site busca resgatar as memórias do passado, ajudar uma instituição desse segmento, teria muito mais liga com o nosso projeto.
Começamos então a procurar lar de idosos na internet e encontramos o Lar das Mãezinhas, que é uma casa voltada apenas para mulheres. De cara, já nos encantamos pelo site e fomos fazer uma visita à casa para saber se era algo realmente sério. Ficamos muito felizes ao encontrar esse lugar, deu para perceber que as senhoras gostam de viver lá, pois apesar da estrutura (há escadas no local e pouca área de lazer), dá para sentir que além do ambiente limpo e em ordem, elas são bem cuidadas pelos profissionais. Atualmente, a casa passa por algumas dificuldades e estão precisando bastante de ajuda.


Como se deu a escolha das modelos pin-up?
A ideia era escolher meninas que realmente levassem a cultura retrô como estilo de vida, que já vivessem isso no dia a dia e carregassem essa essência no seu visual. Para o calendário, a ideia era fazer com que as características de cada menina fossem refletidas no calendário. No mês de janeiro, por exemplo, a Mona Liza representa o Dia do Circo e não é à toa, já que ela realmente faz aulas de circo e é apaixonada pela arte circense. A Aurora D’vine, que representa o Carnaval em fevereiro tentar resgatar a história das vedetes que é algo bem brasileiro e assim acontece nos meses seguintes.
Além disso, tentamos diversificar bastante o biótipo das garotas. Temos meninas altas, mais magras, outras mais voluptuosas, mais baixinhas, com cabelo colorido, loira, morena, ruiva, negra, japonesa. E a maioria delas, tem alguma ligação com esse mundo também na profissão, tem: blogueira, maquiadora, artista de circo, dançarina burlesca, modelo, dona de brechó, cantora de rockabilly, pin-up moderna, clássica... de alguma maneira, tudo isso está ligado ao nosso universo.
Com isso, ainda tentamos alinhar a temática de cada garota com os locais a serem fotografados. Foi um trabalho e tanto conciliar tantos profissionais para terem disponibilidade nos mesmos dias.

Clique para aumentar a foto


Onde as fotos foram feitas?
As fotos foram feitas em três diferentes locações. Tentamos adaptar todos os temas e locais dividindo em 4 meninas, a cada 4 meses. Começamos no Circus Hair, na Pamplona, com a artista circense Mona Liza, representando o Dia do Mágico, em janeiro; a dançarina burlesca Aurora D’Vine, interpretando o Carnaval, em fevereiro; a Miss Pin-Up The Sailor 2015, Madame Rose ‘N roll, para a Páscoa, em Março; a modelo FabiCherry, em abril, com o Descobrimento do Brasil. O legal é que no Circus, todos os temas se alinharam, principalmente o mês de janeiro, que teve bastante conexão com o local.
Em seguida, fotografamos na hamburgueria CIA 66, em Moema, de maio a agosto. Respectivamente: Cherry Rat, com Dia do Trabalho, no melhor estilo “We can do it”; Sarah Amethyst, com Dia dos Namorados, o local permitiu fazer umas fotos mais candy; Mari Kato, representa o Dia do Rock em junho, tivemos a sorte de ter uma jukebox por lá; e Marilia Skraba, homenageando o Dia do Soldado, que está em um carro que lembra muito os usados nos anos 40.
Por fim, a Boutique Vintage Brechó e Bar, no Belém, serviu de cenário para os meses de setembro a dezembro, que com uma decoração mais sóbria e menos colorida e combinou perfeitamente com as datas homenageadas. Temos Gladis Vivane, para o Dia da Secretária, que pedia um ambiente mais sério; Dracurella, para o Halloween, com um cenário completamente improvisado no local; Nanne Ahadi, com Dia da Consciência Negra, o local tem um palco que ficou perfeito para a nossa diva do jazz, além de uma penteadeira que pareceu bastante um camarim; e Bruna Gilda para o Natal, com um cenário que lembra bastante uma casa decorada para essa época.
Ao todo, foram 4 meses entre planejamento, pré-produção, produção e lançamento. E o trabalho ainda não acabou, já que continuamos divulgando as vendas do calendário. 

Clique para aumentar a foto

E o futuro do projeto?
O projeto em si ainda não acabou. Durante todo o ano vamos publicar o editorial de cada mês no site, assim, as pessoas poderão ver mais fotos do projeto. Além disso, ainda estamos com uma outra ideia que irá ampliar ainda mais a visibilidade desse trabalho, mas ainda estamos em fase de planejamento e não podemos falar muito. Mas anunciaremos a novidade em breve se tudo der certo!

Nanne Ahadi interpreta uma Diva do Jazz no mês de Novembro

Como o calendário pode ser adquirido? 
O calendário pode ser adquirido através do email contato@universoretro.com.br (R$ 35* + frete) ou no site  gosundae.com (R$ 40 + frete). Também temos os seguintes pontos de venda (R$ 35 no dinheiro ou R$ 40 no cartão)
Tattoo shop Top Cat
Local: Rua Frei Caneca, 63, Consolação – São Paulo / SP
Espaço Eco’s
Local: Rua João Mendes Júnior, 556 – Francisco Morato / SP
Toca do Rei
Local: Avenida dos Ferroviários, 2525 – Jundiaí / SP


* Tá rolando uma promoção e neste momento o calendário tá saindo por R$25,00! Aqui, inclusive, tem 10 motivos pra você garantir o seu!


Que tal investir nesse calendário lindão do Universo Retrô e ajudar as senhorinhas do Lar das Mãezinhas? ;D


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13 de dezembro de 2015

Subculturas e o conceito de individualidade (parte 3): O revivalismo nostálgico

Este post finaliza a análise sobre Subculturas e Individualismo. A primeira e segunda partes vocês podem ler clicando nos links abaixo:




O revivalismo nostálgico
Existem mais góticos atualmente do que na década de 1980.
Hoje, um jovem de 20 anos pode saber tanto sobre subcultura gótica como se tivesse vivido em 1983. E como ele consegue? Com a ajuda da tecnologia.

Chegamos agora na análise sobre a geração Y, geração jovem atual que nasceu cercada de mídia e tecnologia num mundo pós moderno. Além de conhecerem as subculturas através da mídia e da internet, já as receberam (ideologia e estética) pulverizadas da Geração X - que podem ser seus tios, pais ou irmãos mais velhos. As informações sobre subculturas nunca estiveram tão acessíveis quanto agora.

uma versão atual do pós punk

Hoje, na pós modernidade focada no ciclo de produção e consumo, os gostos dos jovens mudam tão rápido que eles não ficam num estilo de moda por muito tempo. É uma geração que não quer ser rotulada nem categorizada, porque o passado e o futuro são tão fluidos que o que importa é o "agora".

Fazer parte de um grupo não é importante porque eles se sentem presos, já que nasceram numa sociedade onde nada é fixo e tudo é mutável. Enquanto que para a geração Baby Boomer e para a X, as subculturas eram um meio de encontrar semelhantes, dividir opiniões em comum e mostrar para a sociedade através das roupas que eram diferentes, a geração Y não faz tanta questão de se descolar da sociedade, pois o sistema individualista serve à eles em tudo que eles necessitam em termos de consumo e bem estar. Eles releem a moda das subculturas de uma forma revivalista e nostálgica, mantendo distância das ideologias. 

Fernanda Lira, da banda Nervosa, num exemplo do retrô no Heavy Metal: ela usa um look que é releitura do que headbangers usavam na década de 1980.
 

Blade Runner, um filme pós-moderno parece ter tudo a ver com o "revivalismo nostálgico". Na obra, lançada em 1982, apenas 3 anos após "o fim" dos primeiros punks (com a morte de Sid Vicious), o futuro foi retratado em modas do passado. Replicantes e humanos vestiam trajes que lembravam tanto a glamourosa década de 1930 quanto os punks de 1970. Pessoas diferentes dividem o mesmo espaço, não dá pra saber quem é humano e quem é replicante. As aparências enganam, assim como hoje, não sabemos quem é alternativo e quem é fashionista ao fazer uma observação superficial de seus looks.


Personagem Pris, Blade Runner: referência punk num filme ícone do pós modernismo

As tendências alternativas da geração Y nascem e se proliferam no meio virtual. Os visuais atuais não são controversos, ao contrário, são bem "redondinhos". Se anos atrás Londres e Tóquio ditavam moda, hoje é o meio virtual. O Pastel Goth, o Seapunk, a trend Witchy, a boho, o Strega e a trend ocultista não nasceram num lugar físico, mas no virtual. Assim como a recente onda de meninas com cabelo escuro, franjinha pin-up, fãs de Mortícia, Vampira, fetichismo e de filmes de terror antigos. Esse tipo de comportamento é compreendido pelo modo que vivemos hoje, onde a imagem impactante é uma moeda valorizada. Assim, criar para si uma imagem rebelde, diferente ou absolutamente cool adquirida por pesquisas na internet e não mais por convivência ou troca de informações com outras pessoas, se torna o símbolo dessa geração tecnológica. 

Jovens que não são parte de uma subcultura, mas reproduzem estéticas subculturais variadas, esforçando-se para desfazer estereótipos da mídia em visuais que são sombras do passado, é um fato bocado complexo, por vezes contraditório e ao mesmo tempo fascinante de estudar.

"Releitura" Deathrock

E isso parece confundir alguns jovens também, "Não me identifico com nenhuma subcultura, tem algo errado comigo?"
A minha resposta seria: você é um jovem pós moderno que não viveu a era das subculturas em sua forma mais "pura" e portanto elas não fazem tanto sentido pra você, já que nosso contexto histórico atual é diferente de 30 anos atrás. Você também pegou a moda das subculturas já pasteurizadas pelo sistema. Amenizadas e massificadas. Você não precisa de um grupo ou de fazer amizade com pessoas pra adquirir conhecimento sobre um estilo, você sozinha em casa, pesquisa tudo no seu computador. Não precisa fazer DIY em suas roupas, você encontrará em lojas de departamento boa parte do que precisa. Ou quem sabe, importará da China. De alguma forma, aprendeu que é "normal" ver uma peça punk à venda na Renner. Ou peça fetichista na Zara. Para a geração baby boomer isso seria inconcebível. E para a geração X, "estranho". Para a geração Y, além de normal, é banal e aceitável, para alguns até desejável que mais e mais peças alternativas estejam em lojas mainstream. Essa mudança de mentalidade do jovem, ilustra bem como nosso conceito de individualismo atual é mais focado no consumo e na importância de formar uma autenticidade a qualquer preço.

Alguns antropólogos* estudiosos de culturas juvenis, chamam esse ato de  mudar de estética várias vezes de "promiscuidade subcultural e estilística". Punks num dia, hippies no outro, góticos no seguinte. Estilos contraditórios que vão de cyberpunk à pin-up na mesma semana. Não à toa, pastel goths e até mesmo os hipsters já estão desaparecendo. É hora de migrar pra outro estilo ainda não popularizado. 

Geração Y: mistura de estilos

Sombras dos estilos das subculturas do passado são vistas hoje nas ruas,
mas o que foi criado como nova estética alternativa?

 

Nossos pais e até avós estão vivendo mais, prolongando suas "juventudes". É comum que pais e filhos tenham o mesmo gosto musical. Então, por que os jovens atuais sentiriam necessidade de se rebelar se o sistema serve à eles? Se não há conflito com seus pais, se podem estudar, ter acesso ao que querem com o poder do consumo; se num celular eles conseguem se manter ocupados (lembrem que no passado era comum os jovens não terem o que fazer e sofriam de tédio)?
As subculturas então, viraram herança cultural, afinal, que tipo de rebeldia pode um adolescente ter hoje se seus pais foram punks?



Por que alguém optaria por adentrar num grupo?
Ser parte de uma tribo é uma das origens da natureza humana, assim evoluímos, os mais fortes sobrevivendo. Como nossos ancestrais, ser parte de um grupo, trás a sensação de pertencimento.
Enquanto a maioria dos adeptos de uma determinada subcultura se conhecem e interagem, a geração Y e seu estilo mutante é unida pela mídia, música, internet e referências imagéticas de estilo,
interagir fisicamente entre si não é o foco.


Comparação interessante entre tribo primitiva e a "tribo" punk. 
Em comum: a convivência em grupo.
 
Quando você tem uma sociedade ultra individualista, submissão não é algo facilmente aceitável, por isso existe a negação de rótulos, categorias e classificações. As pessoas não querem ser colocadas em "caixas".


E talvez, com o extremo individualismo da pós modernidade, por não interagir tanto mais com as pessoas, não aprender com outras pessoas (aprender sozinhos via web) estejamos carentes de pertencimento e por isso estejamos ficando infelizes e com uma sensação de solidão?

Curiosamente, uma das tendências atuais é o consumo compartilhado. Estilistas têm falado em seus desfiles sobre ser parte de um grupo. Na Europa nunca teve tanta exposição sobre subculturas, como se, de repente, elas estivessem finalmente sendo reconhecidas por sua importância. Por que estas pessoas importantes, museus e galerias estão voltando seus interesses às subculturas? Será que perceberam que elas têm muito mais a nos ensinar?

Jordan em '77.
E esse brinco de cruz invertida, super trendy hoje, né?


Política se trata de coletivo
Precisamos do grupo para podermos mudar as coisas que nos incomodam na sociedade. Quando se trata de política, é importante lembrar que muitas vezes temos que passar por cima das nossas opiniões pessoais, porque mudança social não envolve uma pessoa só, envolve o coletivo. Viver em sociedade significa cada um fazer sua parte para o bem comum e isso às vezes significa perda de privilégios em troca de ganho social (comum em países com mais qualidade de vida). 

Será que no fundo todos queremos união na cena alternativa mas não sabemos como "neutralizar" nossa individualidade em prol do bem comum? Como se tornar menos consumista numa sociedade em que tudo é comprável? Como manter a individualidade sem se tornar egocêntrico ou egoísta? Pessoas estão tomando um caminho narcisista sobre o individualismo, só dão atenção àqueles que os idolatram e que possuem algum interesse. Se você não tem nada a acrescentar - no sentido material ou de alimentar o ego e o status do narcisista, sua amizade não interessa à ele. Onde vamos parar com cada um no seu canto, reclamando da vida, esperando um like e ficando deprimido quando seu ego não é alimentado? O que estamos fazendo com o riquíssimo legado das subculturas sobre amizade e companheirismo?
 

No passado, a moda de rua e as subculturas uniam as pessoas que se sentiam diferentes.
Ainda dá tempo de nos vermos como seres ativos, que mesmo diferentes, unidos seremos capazes das mudanças sociais que queremos. A gente só precisa pensar se o sistema atual é o que desejamos pro resto de nossas vidas. Como o mundo virtual pode ser usado pra reunir as pessoas e não afastá-las e como podemos usar nossa individualidade de uma forma que não seja nociva.

 Punxs felizes (década de 80)




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* Muggleton-Polhemus

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30 de outubro de 2015

Breve história da franja Pinup e como cortá-la! (Franja Bettie Page)

Mais de sessenta anos depois de começar a carreira como modelo profissional, Bettie Page adentrou o século 21 com grande força, influenciando desde o submundo alternativo até grandes nomes da Moda.

Ícone do fetiche, a americana transcendeu os limites de sua época posando para ensaios em clima de bondage (prática sexual com o intuito de proporcionar prazer através da imobilização) pelas lentes de Irving Klaw. 

Pagando um preço alto por esse tipo de exposição, chegando até ser investigada pela Comissão do Senado americano, Page caiu no esquecimento ao passar dos anos por vontade própria. Relatos contam que ela queria ser lembrada por sua beleza da qual havia perdido ao envelhecer.

O corte acompanhou a modelo até o fim de sua vida

Mesmo com a atitude e suas milhares de fotos quase sendo destruídas a pedido das audições parlamentares, a rainha das Pin Ups ressurge na década de 1980 conquistando a cada dia que passa mais fãs. O estilo atrevido e incomum de Bettie Page fez com que se tornasse um exemplo de beleza, sendo copiado por famosas e desconhecidas em todo o planeta. 

O corte de sua franjinha (marca registrada) foi sugerido pelo o fotógrafo que a descobriu, Jerry Tibbs, pois ele achava sua testa alta e proeminente. Desde então Page adotou o novo visual, o que tomava seu tempo à noite para enrolar e depois escová-lo excessivamente antes de cada sessão, muitas vezes causando atraso.



Mais em alta do que nunca, a franja tornou-se objeto de desejo, já que volta e meia algum renomado da Moda a utiliza em desfiles, campanhas publicitárias ou editoriais. Mostraremos então como obter o visual desta diva, falecida em dezembro de 2008, porém venerada até hoje!

História: A franja curtinha foi usada na Era Vitoriana entre meados de 1870 até aproximadamente 1890. Era mais comum em crianças e meninas jovens. 


O revival nos últimos anos foi por dado uma de suas fiéis seguidoras, Dita von Teese. No início da carreira, ainda underground, a dançarina burlesca possuía forte influencia de Page no visual.


Assim que Dita explodiu no mainstream, houve uma profusão de artistas que replicaram a estética da Pin up levando a milhares de versões da famosa franja.


Gwen Stefani nos anos 90.


Madonna e Katy Perry: o cabelo agora é pop!

Nina Hagen fetichista e Grog Rox na mesma vibe

O ultra colorido (half and half) e repicado de Hayley Williams

Platinado de Adora e Amy Doan

Estilo afro de Dolly Vicious

 Um leve oriental de Viktoria Modesta, o ruivo de Tess Holliday e o cinza de Miss Mosh

E os clássicos: Nina Kate, Obsidian Kerttu, Wednesday Mourning


Góticas e rockabilly: diferentes subculturas, mesma referência.

Temos várias brasileiras adeptas das Bettie Bangs! Sana, autora do Moda de Subcultureas cortou em 2011. Já usou bem curtinha, mais longa, mais arredondada, mais reta... No quadro, em sentido horário, Sana, as divas Bruna Santos, Rubia (Nosferótika), Sandila (Nox et Lux), Ludmila Houben e Loretta Vergen. 



Passo a passo
Seguindo as dicas do The Fashions Couts, para se obter uma franja a la Bettie Page não é muito complicado. Se você tem o dom divino da habilidade manual, pode até fazer sozinha em casa.

Para começar, é necessário encontrar o formato certo, fazendo uma curva suave, mais ou menos em forma de U. Com o cabelo completamente seco, divida-o em seções. A primeira camada é o fundo, onde deverá ser cortado mais curto e, em seguida, corte a segunda parte ligeiramente mais longa que a primeira. Nesta hora, tome cuidado para não ir além das suas têmporas. Uma dica é começar o corte na base da franja indo para cima em direção a ela. Outra sugestão é cortar o cabelo com uma mini máquina em vez de tesoura. Boa sorte com suas sobrancelhas, caso escolha esta opção. 


Conseguindo o resultado, a segunda coisa a fazer é usar algum alisador, podendo ser escova ou chapinha, fica a critério de cada um. Se quiser deixar um pouco mais arredondada na ponta, conseguirá o perfeito look de pin-up. Finalize com uma boa camada de spray de cabelo, isto irá manter tudo no lugar, bem ao estilo anos 1950. Para finalizar é só colocar um belo batom vermelho, passe bastante delineador preto nos olhos em forma de gatinho, pinte suas unhas no estilo meia lua e...tcharam! És a nova Bettie Page! :D




Se você usa a franja, comente e nos diga quem te inspirou, quais suas referências... E se não usa, nos diga o que acha, se usaria... :)


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Artigo das autoras do Moda de Subculturas. Para usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos, linke o artigo do blog devido ao direito autoral do nosso trabalho. Todas as montagens de imagens foram feitas por nós.

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